Fonte: www.tdvadilho.com |
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Pequenos diálogos formam textos. Melhor ainda se tiver uma ilustração de inspiração!
SumárioOlá! Tudo bem? Espero que tudo esteja tão tranquilo quanto ela, ele, Aquilo, aparentava estar! Chegamos ao Making Of da historieta que foi difícil de encontrar, mas que depois se mostrou algo sobre o qual que eu tinha muita coisa para falar e, consequentemente, uma necessidade de terminar. A História da HistóriaA historieta#2 começou a ser escrita depois que deixei uns cinco protótipos de contos de lado; em especial um que se chamava Fábrica de Quadrados, que foi o que levei mais adiante e com o qual mais quebrei a cabeça tentando fazer funcionar. De qualquer forma, sem saber sobre o que escrever, fui folhear meus rascunhos, rabiscos e (r)anotações — desculpa, não resisti —, na expectativa de encontrar algo que me chamasse a atenção. Felizmente, depois de algum tempo, me deparei com o começo de uma história que havia escrito ao ver uma ilustração do Marco Bucci*, e logo senti a vontade de continuar a escrevê-la. *Marco Bucci é um ilustrador fantástico, provavelmente a minha maior inspiração no campo da criatividade visual. Caso tenha interesse, recomendo que confira o trabalho dele no canal @marcobucci, no Youtube. Como não tenho autorização expressa, não postarei imagem da ilustração aqui. Caso queira ver, é só checar o portfólio ou o instagram dele, é bem tranquilo de identificar o trabalho! Fragmento de Uma História Deixada de LadoO começo da história ao qual me refiro pode ser lido a seguir. Você vai ver que algumas ideias dele permaneceram na historieta#2, Próxima Parada. — Mãe — chamou a criança. Ela arrastava as vestes pelo chão, e carregava algo na mão, algo que tinha um brilho que refletia no olhar. — O cervo não quer mais brincar comigo. A mãe olhou o que a criança carregava. Era uma alma. A sua primeira alma. — Ele está morto, meu bem. — Fui eu que matei? — Não, querida. A Morte nunca mata, na verdade é a Vida que deixa de atuar. É ela quem decide quem são aqueles que nós devemos buscar. — Por que ela faz isso? — Pelo mesmo motivo que nós ajudamos as almas a atravessar. Se lembra de como deve ser feito? A criança assentiu e se pôs a andar. Sua mãe a acompanhou e as duas foram em direção a um lago acinzentado. — E por que a gente faz isso? — perguntou a criança, colocando cuidadosamente a alma sobre a água. — Porque fomos criadas para fazer isso. Por um certo tempo, é assim que devemos atuar. A filha assentiu novamente e, juntas, elas observaram a alma ser levada pela leve correnteza. — Mãe, por quem fomos criadas? — Eu não sei. E também não sei nem dizer se foi um quem; talvez tenha sido simplesmente algo que se propôs a nos criar. — E por quanto tempo vamos fazer o papel de morte? — Quem sabe… — Acho que não vai demorar muito. — Por que você diz isso? — Porque os humanos sempre dizem que a vida é como um sopro. — Eu já vivi gerações e gerações, e creio que tenho que discordar. A vida não passa rápido e nem devagar demais. A vida passa na velocidade certa, os humanos é que tem mania de se ausentar. — E qual é essa velocidade? — Depende. Cada um ganhou um tempo específico da Vida. — Até a morte vai acabar um dia? — Pelo ciclo das coisas, tudo indica que sim. — Como? Por quê? — Calma, uma coisa de cada vez. — Como? — Eu não sei. — E você sabe o por quê? — Menos ainda. — Isso não te incomoda? — Por que deveria? — Por que você não sabe para onde vai. — Mas se eu tampouco sei de onde vim, por que deveria me incomodar? — Por que você não sabe o que vai acontecer. — Mas eu nunca sei o que vai acontecer. — E isso não te assusta? — Não. É a natureza da vida. — O que é a vida? — Eu não sei. Isso só ela pode te falar. Reler esse texto trouxe à tona uma série de pequenos diálogos esparsos, que fui colocando no papel, sem qualquer preocupação. Era muito mais uma ação para suprir a minha necessidade de produzir e, principalmente, de me expressar; mas… havia algo ali, entende? Algo de diferente, e quanto mais diálogos escrevia, mais os trechos se mostravam interessantes ao meu depressivo olhar, e, assim, a vontade de transformar tudo aquilo em uma história só tendeu a aumentar. Quando digo “depressivo olhar” não quero dizer que a depressão estava me afetando negativamente naquele momento, porque ela não estava; mas quero me referir ao jeito como alguém que enfrenta a depressão tende a olhar e encarar o assunto no momento em que não está mal. Talvez não faça sentido, e seja só uma sensação, mas é como se a convivência com a depressão fizesse o assunto ‘morte’ parecer menos tabu de lidar, porque, afinal, tende a ser um pensamento constantemente presente… Mas calma, prometo que não será negativo! Vamos continuar. O ProcessoUma vez que os trechos me pareceram interessantes, foi só uma questão de tempo até a ideia da filha desaparecer e eu perceber que os diálogos eram coisas sobre as quais eu estava interessado em perguntar e falar. E o mesmo aconteceu para a ideia da Morte, só que, no caso, eram coisas que eu gostaria de ouvir, e de falar. De certa forma, foi como se a filha da Morte tivesse virado o Thiago em um passado negativo — que depois foi traduzido para Raquel —, enquanto a Morte tivesse virado o Thiago depois de ter lançado o site, alguém que sabe que tem a doença, mas que estava se cuidando e estava bem; e isso fez a vontade de construir uma narrativa assumir uma importância maior do que eu consiga sentimentalmente explicar, mas que, de um modo lógico eu consigo, ao menos, tentar expressar: Durante os momentos em que estive muito mal, diversos pensamentos negativos passavam pela minha cabeça — sim, eu sei que isso não é algo particular, e sim uma consequência da doença. A questão é que eu não posso falar por mais ninguém além de mim, então o texto permanecerá nesse tom pessoal —; e a frequência em que esses pensamentos se davam era, por falta de um melhor termo, fantástica. Honestamente, era basicamente como ter a personificação da morte andando ao meu lado, e compartilhando dos meus pensamentos sem eu, necessariamente, a convidar, mas, contraditoriamente, comigo lhe dando um certo status de idolatria, de saída, resposta e resolução. Eu sei que eu já sabia dessa contradição antes, mas eu sei também que era exaustivo e, de certa forma, até impossível, de lutar contra; porque é algo que requer ajuda e essa ajuda, por sua vez, parecia vir atrelada a resoluções impossíveis, dadas em respostas super elaboradas, por pessoas que nunca entendiam completamente o ponto em que eu estava tentando chegar. Sabe, por mais grosso que possa parecer, a grande maioria das vezes eu não queria saber pelo que essas pessoas tinham passado, e nem qual o caminho que elas achavam que eu deveria tomar. Eu só queria tirar as coisas entaladas na garganta e, se fosse para ouvir uma opinião como resposta, que fosse algo sincero e que fosse algo relacionado ao meu problema, e não a experiência de um outro alguém. E é por isso que os diálogos curtos que coloquei no papel me pareceram interessantes, e é por isso que desenvolver a narrativa virou uma necessidade. Não é que eu sinta prazer ao falar sobre o assunto — até porque há pouco tempo atrás eu sentia vergonha, como se fosse um fracassado —, mas é que eu passei a entender que falar abertamente sobre isso se tornou uma forma de recarregar a minha esperança para comigo mesmo e, ao mesmo tempo, uma forma sincera de tentar ajudar alguém que esteja precisando ‘escutar’ coisas vindas de uma pessoa que compartilha da doença, sem que seja preciso expor as suas questões ou correr o risco de escutar sugestões utópicamente milaborantes que, no final, tendem a atrapalhar. É por isso que a Morte não têm as respostas que a Raquel procura. É por isso que a Morte parece saber tanto da vida quando uma pessoa qualquer*. É por isso que a escolha da Raquel não tem garantias, e depende exclusivamente de como os leitores quiserem interpretar. E é por tudo isso que a história foi escrita e compartilhada, porque, no fundo, a única intenção era de passar uma fina esperança, sem qualquer pretensão de dizer que o texto continha respostas ou caminhos para dar. Curiosidade [atenção: contém segredo]Uma curiosidade da historieta: Raquel Paosques é um anagrama (“embaralhamento” das letras) para Qualquer Pessoa, ou Pessoa Qualquer. A História da IlustraçãoAssim como no outro making of, terminarei esse falando da parte visual. A ilustração da historieta Próxima Parada foi feita digitalmente, e o processo foi um tanto quanto singular. Normalmente eu costumo levantar bastante enquanto estou ilustrando, para dar uma esticada nas pernas, pensar um pouco, deixar o olhar respirar para ter a sensação de primeira impressão, para procras-cof-tinar, e por aí vai. Porém essa ilustração foi feita de uma vez, e eu permaneci concentrado até terminar tudo o que tinha para sentir e falar. Caso te interesse, você pode ver o vídeo acelerado do processo a seguir. Se estiver com pressa, você pode assistir ao super acelerado (1 minuto), clicando aqui. Eu estou querendo começar a narrar esses vídeos, falar um pouco da história e do processo artístico; quase como os textos dessa série, mas voltado mais para a parte visual. A questão é que não me sinto confortável em gravar minha voz e ter que editar, então, por hora, estou postergando, até dar o surto e eu tentar. Para o próximo post gostaria de trazer um assunto diferente, para darmos uma variada e não ficarmos com várias postagens seguidas de making of, porque ainda faltam 5 (sim, o texto da próxima historieta está pronto, falta terminar de ilustrar). Ainda não sei sobre o que vou escrever, mas, se tiver algum assunto que gostaria de sugerir, por favor, use a seção de comentários para me contar 😊 Por hoje é isso. Sei que talvez o texto tenha ficado confuso em algumas parte, mas acho que esse é o melhor que consigo apresentar por hora. Sempre é possível atualizar ou fazer um novo post, vamos ver como será. De qualquer forma, espero que tenha gostado do texto! Tenha um excelente dia 😊😊😊 ![]() Apoie a TocaA criação dessa postagem foi possível graças ao apoio dos leitores. Como forma de os homenagear e agradecer, deixo aqui alguns de seus nomes imortalizados nas páginas desse post ❤️ ![]() DiretamenteApoie por PIX ou com a compra dos meus livros e ilustrações. 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saiba que os imortalizados da vez estão te representando, e o ato de Sendo assim, muito obrigado por fazer parte das Historietas ❤️ Mais postagenscomo essa, aqui...   ![]() Próxima Parada
Ela sacolejava, de leve, balançando pra lá e pra cá. Sua respiração era serena, tão serena que gritava calmamente o seu aliviar. Suas pálpebras, ainda fechadas, eventualmente se contraiam, indicando que ela ainda não chegara por completo, mas estava na iminência de embarcar... ![]()
Qual a relação entre corvos e pedras? Hein? Qual a relação entre corvos e pedras? Caw-caw!
Os vendedores de futuro estão sempre à disposição; e uma parte considerável deles usa o LinkedIN como rede de expressão...
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