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Rafaela fechou o livro e o largou no chão. Estava decidida a não ler a última página de uma história fantasiosa que acabara apenas lhe deixando com um gosto desgostoso na boca e uma certa inquietação no coração. A menina, então, calçou as galochas, e caminhou bosque adentro, sempre na mesma direção; até que encontrou o riacho, e nele um sapo, o qual ela esperou bobear para agarrar e tascar logo um beijão. O sapo piscou em resposta, um olho de cada vez, depois coaxou e saiu pulando — ou talvez fosse até dançando — todo desengonçado, como se, no mundo, não houvesse espaço para fingimento ou timidez. Rafaela sentiu-se aliviada. Não porque não gostava de fantasias, ah não… Ela apenas não gostava de histórias que mentiam, e que forçavam a sua imaginação. E todo aquele blá blá blá de sapo virando príncipe, com um beijo e muita paixão… Humpf! Rafaela gostava era de sapos que sapeavam em riachos, e que para coroas diziam não; porque esses sim eram sapos de verdade, enquanto sapos que viram príncipes são apenas sapos que fingem perfeição. 
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