Fonte: www.tdvadilho.com

Making Of de 'O Corvo que Empilhava Pedras'

Making Of

 |  Historietas

 |  5 minutos

Detalhes da nova capa do Corvo que Empilhava Pedras ©Thiago David Vadilho (TD Vadilho) (www.tdvadilho.com) -noai-noimageai
Qual a relação entre corvos e pedras? Hein? Qual a relação entre corvos e pedras? Caw-caw!

Pense bem. Não precisa ser cravado, mas ainda assim, pense bem. Em média, quantas vezes por dia você diria que pensa na relação entre corvos e pedras? Uma vez? Duas? Nenhuma…? Uh, que bom, porque corvos no pensamento são irritantes, e as pedras acabam recebendo uma má fama por conta da relação.

Algumas pedras empilhadas

Algumas pedras empilhadas. Eu mesmo, photoshop

Não, eu também não pensava em corvos e pedras; em freiras canadenses cadeirantes, sim, mas em corvos e pedras não. Porém, sabe quando uma coisa te leva a pensar em outra, e essa outra te leva a pensar em outra, e no final você se vê em um emaranhado de pensamentos que parece tão importante que chega a dar aquela ansiedade que faz o pescoço coçar e o pé formigar? Pois então, essa é mais ou menos a história por trás da história de O Corvo que Empilhava Pedras; só falta acrescentar que também teve um pouco de perseguição.

Uma das versões do Corvo

Parte da ilustração da capa do ebook na versão em inglês. Eu mesmo, photoshop

A História por Trás da História

Tudo começou no Behance. Estava scrollando por lá, procurando por algum projeto que parecesse interessante, quando me deparei com uma capa de um livro fictício na qual um pássaro segurava alguma coisa com o bico. Digo alguma coisa porque não dava bem para saber o que era, já que a ilustração era mais abstrata, e digo pássaro porque não tenho certeza se era um corvo ou não; quer dizer, ele tinha penas pretas e isso é o suficiente, não…? É, eu sei que não. Mas o ponto é que tudo começou com uma ilustração de um corvo, que pode não ser um corvo, que carregava uma pedra, que pode não ser uma pedra, no bico, que aí sim tenho certeza, era mesmo um bico.

Acredito que tenha sido essa incongruência que, ao menos no início, prendeu a minha atenção. Na época estava trabalhando no texto da historieta #3 e, a todo instante, a imagem do corvo-não-corvo vinha cutucar a mente, e, em algum momento, a imagem passou a ser um corvo imaginário que ficava crovejando, bem alto, “qual a relação entre corvos e pedras? Caw-caw! Qual a relação, hein? Hein?”, o que é irônico se parar para pensar que o personagem principal de Os Vendedores era um espantalho…

De qualquer forma, acabei cedendo ao corvo e fui pesquisar qual era a relação, e foi aí que apareceu o vídeo de um corvo usando pedras para fazer a água de um recipiente subir e ele poder alcançar a comida:

Genial, não? Bem inteligente, e essa era a relação!

… Depois cai no vórtex do youtube e descobri que não é incomum fazerem experimentos do tipo com corvos, já que são animais bem inteligentes, e isso fez a relação perder o meu interesse, uma vez que não parecia ser mais tão mágico assim. Genial ainda? Sim, mas mágico não.

Enfim, voltei a trabalhar no texto dos vendedores e, alguns minutos depois, o corvo imaginário veio grasnar outra vez na minha cabeça:

Chem-chem, qual a relação entre corvos e pedras?

Abanei a mão para o afastar.

— Qual a relação entre corvos e pedras? Caw.

Abanei a mão, mais uma vez.

Caw-caw! Caw (Qual) a relação, hein? Hein?

— Ô desgrama — respondi. — Tem um mundaréu de corvos usando pedras como ferramentas. Essa é a relação.…

— Será? Caw.

— Como assim, será?

— Não sei ué. Caw-caw. Tô só perguntando se essa é a relação…

Hein?

Meu Deusss… Tá bom — eu disse, cedendo outra vez ao corvo.

Avancei umas páginas no caderno e anotei a pergunta, sem dar nenhuma atenção:

Pergunta anotada: Por que um corvo empilharia pedras?

Pois é, esse “porque” junto talvez seja a maior prova da falta de atenção

O objetivo era só tentar tirar o corvo da cabeça para conseguir terminar o outro texto; e deu certo. Durante os dias seguintes terminei Os Vendedores, fiz a ilustração, parte de divulgação, subi no site, postei nas redes e nada do corvo corvejar. E aí a minha cabeça ficou igual filme de faroeste, tudo no mais absoluto silêncio enquanto umas Tumbleweeds passavam pra lá e pra cá.

Mas você sabia que as Tumbleweeds são insistentes e vão acabar dominar o mundo um dia?! Alguns dizem que vão ser os gatos, mas, francamente, os gatos não vão ter chances com isso em jogo:

Loucura, não?

A verdade é que o silêncio na minha mente tinha algumas sementinhas de Tumbleweeds na forma de corvos e pedras. Era um silêncio falso e, de repende, veio o arrastão. Minha mãe me chamou para ver uma reportagem que estava passando na TV, e quando cheguei na sala, advinha… Exatamente! Era sobre um corvo usando pedras para deslocar o volume de água de recipientes e conseguir a sua alimentação.

É brincadeira, não? Pior que não; e a minha mãe não tinha a menor ideia da obsessão.

Uma coisa puxou a outra, que puxou a outra e, nesse momento, o universo não poderia ser mais claro, havia algo de muito importante na relação entre corvos e pedras, então, de volta aos corvos e pedras, qual era mesmo a questão?

Voltei para o quarto e abri o caderno, e, se você reparou bem, a pergunta que escrevi sem dar atenção estava um pouco diferente da primeira questão:

Pergunta anotada: Por que um corvo empilharia pedras? Destaque para a palavra empilharia

Porque junto de novo e EMPILHARIA

Por que um corvo empilharia pedras? Se eu não sabia a relação, quem dirá empilhar então, pff… Mas a pergunta ficou marinando em algum canto da minha mente e, três dias depois, fui para a chácara que minha família sempre vai, dormi depois do almoço e, assim que acordei, foi como se uma chave tivesse virado; o corvo simbolizava uma pessoa que eu amo e, empilhar pedras significava quem essa pessoa é, então, por que um corvo empilharia pedras? Porque, simplesmente, não havia outra opção. O corvo empilhador de pedras empilhava pedras porque empilhar pedras era a única coisa que fazia do corvo um empilhador de pedras, e essa era a resposta para a questão.

Tão simples como a resposta, a história surgiu. Não tinha nada e, no instante seguinte, toda a ideia dela estava lá. Só faltava escrever, e reescrever até terminar.

Você pode argumentar que nesse vai e vem do corvo e das pedras a história foi se moldando aos poucos, e faria total sentido. Mas eu escolho acreditar que foi um processo um tanto quanto mágico; é mais divertido assim, e é desse jeito que prefiro compartilhar.

Nova Capa

O conto O Corvo que Empilhava Pedras está disponível aqui no site e, a partir de agora, em ebook, na Amazon.

Para o lançamento, fiz essa nova capa, inspirado em uma ilustração do Edward Julius Detmold pela qual sou apaixonado:

capa do conto para a versão em português
Adquira o Pôster

Não postarei link da ilustração do Detmold em respeito aos direitos de reprodução, porém, o trabalho dele é muito bonito e vale a pena pesquisar.

Caso esteja interessado(a) em ler, ou reler, O Corvo que Empilhava Pedras, basta clicar aqui:

Ps 1: se você tiver kindle unlimited, por favor, considere baixar pela amazon, vai ajudar bastante já que estou na empreitada para persuadir os tais dos algoritmos a me notarem.

Ps 2: playstation 2.

Ps 3: O vídeo da criação da capa será postado assim que conseguir editá-lo.

Só um elemento para separar as partes

Obrigado por ter lido A Toca. Espero que tenha sido um texto gostoso de ler!

Para os que já se vão, até a próxima! E para os que ficam, estarei pelos comentários se quiser conversar :))

asssinatura TD Vadilho

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